História - Curitiba

Mapa de Curitiba em 1984.

As primeiras movimentações, no território curitibano, se deram através de Paranaguá, via estrada de Cubatão, e ocorreram por conta de expedições de bandeiras, que vinham à cata de ouro. A primeira expedição oficial coordenadora dos serviços de exploração de minas de ouro nos Distritos do Sul (incluindo Curitiba) foi chefiada por Eleodoro Ébano Pereira. Os primeiros nomes que aparecem na história curitibana, depois de Ébano Pereira, são os de Balthazar Carrasco dos Reis e Matheus Martins Leme. No entanto, segundo o historiador Romário Martins, "...não foi esse o primeiro grupo povoador do planalto curitibano. Antes dele houve os que fundaram arraiais de mineradores mais ou menos estáveis na região aurífera atravessada pelos caminhos de Açungui e do Arraial Queimado (Bocaiuva do Sul)", a seguir Borda do Campo (Atuba) e Arraial Grande (São José dos Pinhais)".

Em 1668, Gabriel de Lara, o povoador, erigiu o pelourinho na povoação de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, assistido por um grupo de dezessete povoadores, iniciando-se a partir dessa data, de forma ininterrupta, a história oficial de Curitiba. Todavia, Gabriel de Lara não é considerado o fundador de Curitiba, sendo que alguns historiadores atribuem o fato a Eleodoro Ébano Pereira.

Há uma lenda a respeito da fundação de Curitiba, contada por diversos historiadores, à qual estão ligados os grupos de primitivos povoadores, representados pelas famílias Seixas, Soares e Andrade. Esses bandeirantes, em época incerta, teriam convidado o cacique dos Campos de Tindiquera, às margens do Rio Iguaçu, para que lhes indicasse o melhor local para a instalação definitiva da povoação. O cacique, à frente de um grupo de moradores, trazendo na mão uma grande vara, após andar muito percorrendo grande extensão de campos, fincou uma vara no chão e disse: "Aqui", e neste local foi erigida uma pequena capela, construída de pau-a-pique, no mesmo lugar onde se encontra a igreja matriz de Curitiba, sendo substituída por outra, feita de pedra e barro, que serviu a comunidade de 1714 a 1866, quando foi edificada a Catedral Metropolitana.

Em 29 de março de 1693, o povoado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curitiba foi elevado a categoria de Vila. Nessa época, segundo Romário Martins, além de Matheus Leme e Carrasco dos Reis, que moravam no Barigui, ainda habitavam uma vila "...o capitão Antonio Rodrigues Seixas, escrivão da vila em 1693, em Campo Magro; Manoel Soares e Aleixo Mendes Cabral, no Passaúna, João Rodrigues Cid, no Cajuru, Antonio Rodrugues Cid no Uberaba, etc." Não existe efetivamente uma data exata da fundação do núcleo Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, mais tarde Curitiba. Mas, se levarmos em consideradção os registros do dr. Raphael Pires Pardinho, Ouvidor-Geral da Vila, em 1721, admite-se o ano de 1661 como oficial.

Panorama de Curitiba 1987.

Curitiba passou a sede de comarca através de Alvará Imperial, em 19 de dezembro de 1812, e foi elevada à categoria de cidade pela Lei Provincial nº 05 de 5 de fevereiro de 1842. Pela Lei Imperial nº 704, de 29 de agosto de 1853, Curitiba foi elevada à categoria de capital da recém criada Província do Paraná. Foi uma luta árdua, a da emancipação política paranaense, nesta vitória muitos deixaram seu nome gravado nos anais da história. Em 1953 a Câmara Municipal de Curitiba funcionava próximo ao pátio da matriz. tendo a seguinte composição: Benedito Enéas de Paula, Fidélis da Silva Carrão, Manoel José da Silva Bittencourt, Floriano Berlintes de Castro, Francisco de Paula Guimarães, Inácio José de Moraes, Francisco Borges de Macedo, Antonio Ricardo Lustoza de Andrade, tendo na presidência o coronel Manoel Antonio Ferreira.

A partir do movimento imigratório desencadeado no Paraná em 1829, a cidade de Curitiba recebeu, por diversos flancos, levas de famílias, em diversas épocas e das mais diferentes nacionalidades, sendo inclusive alvo de imigração voluntária, o que influiu na sua formação social, cultural e econômica, com o passar dos anos. Em 1894, por causa da Revolução Federalista, Curitiba foi invadida e dominada por tropas revolucionárias, comandadas por Gumercindo Saraiva. Nessa época toda a cúpula governamental, liderada pelo governador em exercício, dr. Vicente Machado, abandonou a capital, refugiando-se em Castro, só retornando a Curitiba após o fim do cerco.


Vista geral de Curitiba em 1900.

Um dos mais expressivos acontecimentos da história curitibana deu-se em 1912, com a fundação da Universidade Federal do Paraná, idealizada e realizada por Victor Ferreira do Amaral, Nilo Cairo e Pamphilo de Assumpção. Após a implantação da República, o primeiro prefeito de Curitiba foi Cândido Ferreira de Abreu (maio de 1893 a dezembro de 1894). Em 1911, o município era formado por apenas o distrito da sede, sendo que em 1929 estava subdividido em 6 Distritos de Paz: Campo Magro, Nova Polônia, Portão, São Casemiro do Taboão, Santa Felicidade e o da Sede. De acordo com a Divisão Territorial de 1936, a comarca de Curitiba compreendia três termos, o da sede (Piraquara, Rio Branco e Tamandaré), o de Araucária e o de Colombo (Bocaiuva e Campina Grande). A Lei Estadual nº 1452, de 14 de dezembro de 1953, estabeleceu a nova divisão judiciária do município, criando dez Distritos Judiciários, que eram: Sede, Portão, Taboão, Barreirinha, Boqueirão, Cajuru, Campo Comprido, Santa Felicidade, Umbará e Tatuquara.

Em 1820 Curitiba recebeu a visita do sábio francês Saint-Hilaire, que ficou maravilhado com a cidade, e alguns trechos de suas anotações dizem o seguinte: "...As ruas são largas e quase regulares... a praça pública é quadrada, muito grande e coberta de grama... as igrejas são em número de três, todas construídas de pedra... em nenhuma outrra parte do Brasil eu havia havia tantos homens verdadeiramente brancos, como no distrito de Curitiba... pronunciam o português sem a alteração que revela a mistura da raça caucásica com a vermelha... são grandes e bonitos, tem os cabelos castanhos e tez rosada, maneiras agradáveis... as mulheres têm traços mais delicados do que as das outras partes do Império por onde viajei. Elas se escondem menos e conversam com desenvoltura". Esta descrição é um reflexo da civilidade e determinação do povo curitibano de 1820, que faz a base da Curitiba do final do século XX. Da Curitiba do Ligeirinho, da Ópera de Arame, da Rua das Flores e da Rua 24 Horas.

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